Entrevista: Carlos Plácido Teixeira
A saga do novo Portal da PBH
Depois de indas e vindas, reuniões intermináveis, fornecedores sumidos, muita dor de cabeça e alguns vários cabelos brancos a mais em algumas pessoas, entrou no ar em novembro de 2008 o novo portal da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Pude acompanhar alguns episódios dessa verdadeira saga passada pelo jornalista Carlos Plácido Teixeira, coordenador do Portal da PBH contratado durante a segunda gestão de Fernando Pimentel. Não vou entrar em detalhes, mas você pode acompanhar alguns relatos (desde maio de 2006) do próprio Carlos em seu blog.
Conheço o Carlos desde a época da Conteúdos.com, dos idos de 2001. Ele foi um dos pioneiros em Minas Gerais a atuar exclusivamente com conteúdo para a web, numa época em que os colegas de trabalho o questionavam, com um misto de ironia e desconhecimento: "Você deixou o jornalismo pra mexer com internet?"
O blog Mercado Web Minas fez uma entrevista com ele por e-mail e GTalk, que você lê logo abaixo:
"Temos um prefeito mais ligado em comunicação on line. A tendência deve ser a de dar um novo gás para o portal"
MWM: Qual a equipe responsável pelo Portal da PBH?
CPT: O portal foi desenvolvido por uma equipe coordenada pela Gerência de Edição Eletrônica, vinculada à Assessoria de comunicação da Prefeitura, com o apoio da Prodabel, que foi a responsável pela contratação da empresa que implantou o sistema de gestão de conteúdos. O projeto envolveu a reformulação gráfica e editorial do portal. A arquitetura da informação foi desenvolvida por nós.
MWM: Quais empresas estiveram envolvidas?
CPT: No processo de desenvolvimento, foi contratada a Lazo, para o desenvolvimento do design, e a Powerlogic, que forneceu a atualização do sistema, que já existia na versão anterior do portal. Deve-se ressaltar que a opção pela atualização foi, na realidade, uma falta de opção, diante de problemas surgidos em um projeto inicial, uma história em que tudo o que poderia dar errado deu. O importante é ficar claro que o projeto envolveu a reformulação do portal, a construção de um novo ambiente de produção de informações, com maior foco no cidadão, usuário do portal. A versão anterior tinha muito o foco de "gavetas em armários", onde as informações eram organizadas. Procuramos entender melhor as demandas do cidadão e distribuímos os conteúdos por salas, onde estão as informações que realmente interessam ao cidadão, internauta, de Belo Horizonte e de todas as partes do mundo. Assim, além da minha equipe direta, com cinco pessoas, tivemos participações de profissionais da Assessoria de imprensa central (Ascom) e das mais de 30 assessorias específicas, de órgãos vinculados à prefeitura, como secretarias, fundações, empresas e regionais. A proposta é de descentralização do processo de produção e publicação de informações, seja o conteúdo institucional ou a notícia de interesse específico. Integrar este universo é o desafio.
MWM: Quanto tempo durou o desenvolvimento do projeto?
CPT: A produção de conteúdos institucionais demorou cerca de um ano e meio, pois houve uma revisão ampla das informações. E podemos dizer que o processo não se completou. Ainda há muito a fazer, em especial por que a mentalidade ainda é muito "analógica" na produção para a internet. Ainda há a forte tendência de buscar um texto e simplesmente publicar na internet, com o mesmo formato, sem explorar novos formatos e possibilidades. O design foi feito em dois meses e a integração entre o layout e o sistema levou mais sete meses.
MWM: Quais foram as principais dificuldades enfrentadas?
CPT: O que eu acho mais complicado é a falta de visão das empresas fornecedoras com o cliente. A empresa de design e a fornecedora de sistema, com o apoio da empresa de informática, revelam uma tremenda dificuldade de entender que o cliente - usuário do sistema de gestão de conteúdos como publicador de informações e responsável por todo conteúdo produzido e publicado - é a prefeitura. Alguns dos problemas enfrentados hoje pelo site, capazes de desanimar qualquer pessoa envolvida com o projeto, são decorrentes desta distorção. Creio que é um processo comum a outras instituições, a empresa de informática ainda não avançou na compreensão de que deve trabalhar para a instituição. Sem isso, a gente perde em exigência de alguns recursos que não podem faltar em projetos, como um sistema eficiente de classificação e recuperação de informações. A navegabilidade foi comprometida também por uma decisão tomada pelos fornecedores, com a anuência da empresa de informação do município.
MWM: Quais as principais diferenças entre a versão antiga e a nova?
CPT: Primeiro, a busca do rompimento com o modelo de gavetas e armários, incluindo uma melhor distribuição das informações, com foco no cidadão. Outro fato importante, o avanço da comunicação como coordenadora e responsável de fato pelo portal. O design também avançou ao se adequar a novos modelos de layout, muito mais moderno que o anterior, excessivamente "clean". Do ponto de vista de sistema, tivemos pouco avanço, além do fato de que temos maior autonomia de gestão do conteúdo. Hoje, de qualquer máquina, de qualquer lugar podemos atualizar as informações, em tempo real. O conceito de taxonomia aplicado ao sistema ainda tem muito da história das gavetas, pois o sistema é defasado em relação ao que existe hoje no mercado.
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Carlos Plácido Teixeira
Jornalista, formado em 1985 pela Pucminas, especialista em gestão da informação e comunicação integrada. É gerente de edição eletrônica, vinculada à Assessoria de Comunicação da PBH, e coordenador do portal da Prefeitura. Passou por jornais - Gazeta Mercantil, Diário do Comércio e Hoje em Dia - e por assessorias de imprensa. Desde 1995 desenvolve atividades na internet, seja desenvolvendo portais ou gerenciando informações. Desde 2008 também é diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais.
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Leia matéria sobre o novo portal da PBH, publicado em 3 de novembro:
Prefeitura de Belo Horizonte tem novo portal
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4 comentários :
Ótimos fornecedores em MG e a Prefeitura consegue desenvolver um trabalho mediocre. Pra variar quem saiu perdendo? É claro, o cidadão de BH.
E bota medíocre nisso...
Curiosidade: Quanto nós gastamos nesse "novo" site?!
E quanto nós gastamos com essa "euipe" ?!
Como cidadão de Belo Horizonte e profissional ativo da área de Web, Não fiquei satisfeito com o resultado. Mais dinheiro no ralo.
Realamente, é uma ferramenta sem qualidade de software, mais uma colcha de remendos. A empresa responsável pelo apoio à PBH está no berço esplendido e não acorda!!!
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